Morre José Paulo de Andrade: é uma manhã escura


No começo desse período de distanciamento social, perdi um dos tios que me influenciou muito em relação à paixão pelo rádio. Ele nos levava à praia e no caminho, logo cedinho deixava o rádio sintonizado em um programa que tinha um gatinho miando. Foi ali que passei a admirar José Paulo de Andrade.

Para mim, acordar e ouvir "O Pulo do Gato", na Rádio Bandeirantes, passou a ser um momento de muita alegria. E assim seguiu em minha memória afetiva e também no dial.

Ao amanhecer hoje, parece que perdi mais um tio. Estou em prantos diante da notícia de que a voz mais marcante do rádio para mim se calou nesta manhã escura, mais uma vítima da pandemia de Covid-19.

Nesta postagem, uma reportagem do Jornal da Band e alguns áudios especiais que desde 2006 postei em homenagens a Zé Paulo no meu blog Peças Raras. É a minha forma de manter viva a memória de quem não conseguirei esquecer ao acordar todas as manhãs.

A trilha sonora do dia para mim é a música "Manhã Escura", do meu amigo e poeta Reynaldo Bessa, cuja letra deixo abaixo:
É de manhã
E não há galos na cidade (E o gato não mia no meu rádio)
Pra cantar minha saudade
Trago lágrimas na voz
É de manhã
E o sol se esconde também, como eu
É dia claro mas pra mim é breu
Rasga-me uma dor atroz
Não há arco-íris
Há um céu desbotado
Morre a chuva nos telhados
Alegra-se a tortura
Apesar do cheiro de café
Que a casa invade
Hoje nada me acende
É uma manhã escura.
Agradeço a André Rizzatto Cameira pelo registro (na foto que abre essa postagem) dessa entrevista, que fiz com o Zé na Pinacoteca, quando a Rádio Bandeirantes completou 74 anos.


Acompanhe algumas das Peças Raras que guardamos com carinho em homenagem a José Paulo de Andrade:

Reportagem de 2013, sobre "O Pulo do Gato"



Entrevista feita na Pinacoteca, quando a Bandeirantes completou 74 anos. 
Zé Paulo fala da relação dele com a emissora. 






Na série "Barões do Rádio", conduzida por Eduardo Barão, acompanhe mais uma entrevista sobre a trajetória do jornalista:




Outra entrevista que vale ser ouvida é a que integra a edição do programa Memória, de Milton Parron, apresentada em maio de 2017, quando a Bandeirantes completou 80 anos:



No dia 18, no "Você é Curioso?", fizemos mais uma homenagem com áudios raros envolvendo o jornalista:

Comentários

Marcelo disse…
Realmente é uma notícia que nos deixou para baixo nesta sexta-feira, 17 de julho. Comentei com parentes que é impressionante que uma pessoa que tenha sobrevivido a um infarto nos anos 1990 às complicações de um efisema tenha sucumbido aos desdobramentos do COVID-19.

Também sou um dos muitos que acompanhava O Pulo do Gato desde a infância e adolescência e foi sem dúvida um dos programas que influenciaram a paixão por essa mídia em tempos em que não havia internet, podcasts, blogs ou, vá lá, "influenciadores digitais". Eram os tempos aonde apenas a imaginação dos ouvintes criava a imagem de cada comunicador nas nossas cabeças.

Daqui de longe no interior o Tennessee, aonde vivo há algum tempo, tenho ouvido as homenagens ao Zé Paulo pela Bandeirantes e também BandNews FM e as citações de outras emissoras incluindo a Rádio CBN com Milton Jung e a TV Globo no Bom Dia SP com Rodrigo Boccardi.

Emocionante as participações de Silvania Alves e Débora Raposo no Manhã Bandeirantes há pouco, nitidamente abaladas com o desaparecimento dele. Sentimentos à família e aos antigos companheiros de trabalho, descanse em paz, Zé Paulo.
Obrigado pelo registro, tô aqui acordado esperando o horário do pulo para levantar, mas como será? Até agora não digeri essa perda.

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