Podcast: Juarez Xavier explica o que o BBB pode nos ensinar sobre colorismo e fabulação?

Em um dos episódios do BBB, o humorista Nego Di e a rapper Karol Conká repudiaram uma fala do economista Gilberto Nogueira. Em festa no início de fevereiro, Gil se afirmou negro e foi ironizado pelos colegas, pelo fato de ter pele mais clara que os outros competidores. Juarez Xavier explica que o episódio demonstra, na prática, um conceito que teve origem nos Estados Unidos, ainda nos anos 1980, o colorismo. “Em sociedades racializadas, quanto mais clara é a cor da pele da pessoa, mais mobilidade ela tem, mais aceitação ela tem. Ela não supera as marcas do racismo, mas há de fato a tendência de se associar fortemente pessoas negras de pele mais retinta com qualquer aspecto negativo”. 

Acompanhe no player abaixo ou neste endereço o podcast com o o doutor pela Universidade de São Paulo, professor do curso de jornalismo da Universidade Estadual Paulista e ativista pela questão da diversidade no meio acadêmico Juarez Tadeu de Paula Xavier. 


A postura de Conká em episódios envolvendo outros integrantes negros na casa, entre eles o ator e slammer Lucas Penteado, está ligada, segundo o entrevistado, a uma tese apresentada pelo saudoso geógrafo e pensador, Milton Santos. “A pessoa constrói uma fabulação a partir de uma suposta ascensão econômica e social e acredita piamente que está sendo considerada dentro de um outro contexto. Rapidamente este tipo de ilusão acaba se diluindo, em qualquer enfrentamento racial”, explica. Xavier cita ainda o patrono da educação brasileira para concluir: “Fazendo uma alusão a Paulo Freire, quando a educação não é libertária, o sonho do oprimido é ser opressor”.



Juarez Xavier (acervo pessoal)


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