100 anos de Edgar Morin: pensador fala de crises que presenciou e traz lições da pandemia

 

Acaba de entrar no ar, no portal do Instituto Claro, um podcast especial com a participação de Edgar Morin. Você pode ouvir diretamente no site, neste link. Nele você encontra também a transcrição do áudio. Abaixo, mais detalhes sobre o episódio, que conta com tradução de Reynaldo Bessa e locução de Daniel Grecco. 

No livro “É hora de mudarmos de via: As lições do coronavírus”, lançado no final do ano passado na França e já disponível em português, o sociólogo Edgar Morin traz 15 apontamentos em busca de um novo caminho para a humanidade a partir da pandemia de Covid-19. No centenário do sociólogo, este podcast traz alguns trechos do lançamento da obra, que aconteceu durante o evento “Uma Época Formidável”. Realizado na Universidade de Lyon, em novembro de 2020, o evento marca uma das mais recentes aparições de Morin em público.

Às vésperas de completar 100 anos — no próximo dia 8 de julho — e considerado um dos mais importantes pensadores vivos do mundo, ele vê nas diferentes crises que já testemunhou lições para um futuro incerto. “Esta pandemia revela a fraqueza desta humanidade que se acredita indestrutível, porque lança mísseis. De fato, é uma humanidade poderosa, que tem as mais prodigiosas tecnologias, mas também que fica paralisada perante a dor, a doença e a morte. Portanto, o seu interesse é o progresso material, mas este é acompanhado por uma regressão intelectual e moral”, afirma.

Ouça também: Depressão, angústia e pânico: entenda consequências da pandemia para a saúde mental

Retrocessos

Para Morin, o momento que estamos atravessando já era esperado e aponta para dois caminhos possíveis: ou a humanidade busca uma nova via ou trilhamos para a catástrofe mundial. “Estamos caminhando para um tempo de regressão que começou já 20 anos antes da pandemia, em todos os lugares do mundo: a crise das democracias com o aumento do poder do dinheiro em toda parte e as desigualdades; o descontentamento popular em todo o planeta; a impotência, diante da repressão, em caso do povo manifestar suas necessidades”, observa.

Sobrevivente da Segunda Guerra Mundial, quando participou da resistência francesa ao nazismo, Morin vê retrocessos na sociedade, justamente em um momento em que a sobrevivência do planeta depende do resgate do humanismo. Para ele, o vírus veio mostrar a fragilidade humana e pode ser a esperança de que o mundo mude de via.

“O fato de nos inserirmos nesta luta transforma as forças da união, do convívio, da compreensão, do amor, da fraternidade. Lutamos contra as forças de desintegração, do reino do desprezo, da destruição. O fato de que possamos nos engajar com todos aqueles que estão nessa busca é algo animador que nos faz sentir bem”, acredita.

Entre as lições destacadas pelo pensador francês para um futuro melhor no pós-pandemia estão a necessidade de admitir que a ciência é muito importante, mas que não é possível deixar tudo por conta dela; de se resgatar a convivência entre as pessoas e revigorar o humanismo para que se viva bem em sociedade.

Para Morin, o amanhã ainda pode apontar para a regeneração da política, a proteção do planeta e para a humanização da sociedade, mas, para isso, é urgente mudarmos de via. E assim como o pensamento que teve quando resistiu à guerra, conclui: “Acho que esperança consiste em participar daquilo que pensamos ser certo e bom. Temos a vontade de continuar essa luta para viver melhor, e é nisso que deposito as minhas alegrias”.

Você também pode ouvir o episódio com Edgar Morin no player abaixo, que inclui todo o conteúdo mais recente de educação e cidadania produzidos para o podcast do Instituto Claro:


Acompanhe também o teaser dos episódios que entraram no ar esta semana. Além do episódio com Morin, no canal de educação, você acompanha uma entrevista exclusiva com o escritor moçambicano Mia Couto:

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