Livro Aberto: "Angústia", de Graciliano Ramos, é romance intimista e social ao mesmo tempo

Corda e cobra: sons e imagens que
se misturam na angustiante narrativa do livro
Ouça no portal do "Instituto NET Claro Embratel", no player abaixo ou no seu agregador de podcasts preferido, o episódio desta semana do Livro Aberto (série mensal do canal de Educação). 

Acompanhe aqui outros áudios em que trazemos entrevistas sobre livros da Fuvest e da Unicamp. 


“Angústia”, do alagoano Graciliano Ramos, foi publicado no ano de 1936, época em que o escritor estava preso pelo governo Vargas. Considerado um dos romances mais ricos da literatura brasileira, o livro passa a integrar a lista da Fuvest, no lugar de outro mais conhecido dele: “Vidas Secas”. Para tratar dos detalhes da narrativa, o Instituto NET Claro Embratel ouve o professor do Programa de Pós Graduação e Estudos Comparados de Literatura e de Língua Portuguesa, da FFLCH/USP, Thiago Mio Salla.


Apesar de o personagem central, Luís Silva, ser apresentado em sua jornada existencial, na obra, o romance social também está presente de maneira importante. “Ela é lançada em um ambiente autoritário, repressor, no momento de ascensão do nazifascismo. Esse enquadramento de época é algo a ser levando em conta”, afirma o entrevistado.


Nessas circunstâncias, Graciliano foi preso sem processo, em uma completa violação do estado democrático de direito. No ano seguinte, 1937, foi absolvido da mesma forma que havia sido detido: sem acusação formal. “Suspeitava-se que ele era comunista, porque havia promovido uma política de inserção das populações carentes no ensino como secretário de Educação”, ressalta Mio Salla, para demonstrar que Graciliano contrariava os interesses do então presidente da República, Getúlio Vargas.


A saga de Luís Silva é fortemente influenciada por esse contexto histórico e traz os dramas da sociedade brasileira, sobretudo da região nordeste. “A narrativa é dotada de diversas simbologias que fazem referência à situação social, ao sistema político, e, ao mesmo tempo, discute a existência humana, as relações sociais, o psicológico.”


A obra é considerada um estudo completo da frustração, nos apresentando abertamente o ser humano em seus piores defeitos. “Só que ele [Luís Silva] sofre um abalo muito grande depois do assassinato e o que a gente vai ler, que é o “Angústia”, é um livro escrito pós-assassinato. Depois de ter sofrido, ter padecido desse trauma, ele vai contar essa história”, destaca o professor.


No áudio, Thiago Mio Salla faz uma análise da produção, traz uma sinopse da história e lê um trecho do livro em que Luís Silva está em uma viagem de bonde que, segundo o entrevistado, permite que se entenda como o autor trabalha com três planos que caminham em paralelo: “um olhar objetivo em relação ao mundo, ao mesmo tempo a infância, ou seja, a criança traumatizada que, por sua vez, repercute no modo como esse adulto recalcado enxerga o mundo”.


Créditos:


As músicas utilizadas na edição do áudio, por ordem de entrada, são: “Marina” (Daisy Sanz / Yasmil Marrufo), com Júpiter; “Jesus chorou” (Racionais MC’s); “Canção infantil” (César MC); e “Estou sozinho” (José Luis Peixoto e Reynaldo Bessa), com Reynaldo Bessa.

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