2ª temporada do podcast Mano a Mano estreia na próxima semana; Conheça algumas das entrevistas

 

Mano Brown: o podcaster mais ouvido no Spotify em 2021 (crédito: Pedro Dimitrow / Spotify)


No player abaixo você confere uma edição especial do podcast Peças Raras, com entrevista de Mano Brown sobre a segunda temporada do Original Spotify, Mano a Mano. 


Em agosto de 2021 estreou o 2º podcast mais escutado no Spotify, no ano passado: o Mano a Mano. Ah, o mais ouvido não conta, é o "Horóscopo Hoje", tema que por si só já garante audiência de toda sorte. 

Conduzido por Mano Brown, o projeto visa reforçar o poder de escuta, o valor do diálogo e a conexão com perspectivas plurais. Aliás, na entrevista de lançamento do podcast, Brown respondeu sobre a importância de o Mano a Mano ser distribuído em áudio, sem a versão em vídeo (que é comum em projetos parecidos, distribuídos no youtube). Para ele, isso reforça justamente o poder de uma escuta atenta, sem distrações, o que é muito necessário nos dias de hoje, segundo o rapper.  

Assim como com a música, o agora também podcaster defende a importância de se utilizar entretenimento para transmitir uma informação que nem sempre chega às pessoas.  

"O Mano a Mano é uma continuidade do que acontece no meu dia a dia. Eu não sou cercado apenas por pessoas que pensam como eu, então a gente conversa e debate. No podcast, não quero criar confronto de ideias, mas abrir uma possibilidade de diálogo", comenta Mano Brown, que, define os convidados do podcast como "diferentes, controversos, amados e odiados". 

Sem experiência anterior, o apresentador dá muita importância à condução das entrevistas e para isso conta com a assessoria de uma “equipe black” na produção. Uma das que mais participa do processo de discussão de pauta e até mesmo durante os episódios é a jornalista Semayat Oliveira.  

A primeira temporada do podcast contou com 16 episódios, em que Brown recebeu nomes como Glória Maria, Wagner Moura, Gloria Groove, Taís Araújo e Lázaro Ramos, Ludmilla, Vanderlei Luxemburgo, Fernando Holiday, Dráuzio Varella, entre outros. O episódio com a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi o mais escutado no Spotify no Brasil em 2021.  

Com Varella, um dos momentos mais marcantes foi o que Brown afirmou que o Brasil é construído em cima de uma pirâmide de injustiças e que “se você quiser arrumar este país, vai ter que tirar o tijolo que tá na base, que tá lá embaixo, lá que tem que mexer, e aí cai, porque o Brasil foi feito em cima da desigualdade. O sistema de classe, a coisa da raça veio junto ou veio primeiro, acho que primeiro, depois os dois juntos, nunca mais desgrudou, a gente ficou atrelado à pobreza", complementa o MC.

Mano Brown, por sua vez, revela que teve uma época em que achou que morreria cedo por alguma decisão errada. "Quando você tem a cabeça vazia, a cabeça de vento, é o momento mais frágil da vida de uma pessoa. Eu podia ter parado em uma detenção também, fácil. Eu já me imaginei, em alguns momentos da minha vida, achava que não ia viver muito", conta.


Segunda Temporada estreia em 24 de março 

Após 30 anos como integrante do Racionais MC’s, Mano Brown vê o diálogo e a escuta para visões plurais como forma de expandir ideias e compartilhar conhecimentos, utilizando agora o podcast também para esse fim. Na entrevista promovida pelo Spotify para lançar a nova temporada, nesta quinta, dia 17, o rapper e podcaster começou fazendo uma auto-avaliação da nova carreira.  

“Venho aprendendo, sai de uma zona de conforto, entendo que posso estar me expondo e mostrando fragilidades". Brown afirma que se resguarda e mantém o foco para evitar erros durante as entrevistas. O mais importante, segundo ele, é manter a conversa interessante, o que considera ser responsabilidade dele. "Se você tem um grande entrevistado e não faz uma boa pergunta, o problema é você", afirma. 

O sucesso é resultado da responsabilidade e seriedade que envolve toda a equipe. "Fazemos reuniões e eu ouço a opinião de todos e também exponho a minha". Outro fator que aproxima o Mano a Mano de quem escuta os episódios é que Brown procura agir como um cara comum falando com pessoas que entendem dos assuntos tratados.   

Sobre o maior desafio como entrevistador, Brown afirma que é o de controlar a ansiedade e deixar a pessoa fechar o raciocínio. "Eu percebo que tenho que me conter e não esquecer a pergunta. Às vezes, eu entro no meio, porque eu sei que não vou lembrar depois". 

 

"Na minha carreira como músico, no futuro, vou saber o quanto interferiu. Hoje eu penso que são coisas diferentes. Eu procuro não ser o Mano Brown, do rap, como entrevistador". 

 

Dentro do podcast, as pessoas puderam conferir, na primeira temporada, alguém diferente do rapper. Ele acredita ter mostrado o quanto é dedicado e estudioso e que vai além dos 3 ou 4 temas que já tratava nas músicas. As entrevistas, por exemplo, o levaram a se interessar pela teologia negra. "Quando fala em teologia negra, entra em todos os outros assuntos ligados à raça. Comecei no Gênesis... muita coisa que vem pro Brasil está só em inglês. A história do negro no mundo, se tiver 10.000 anos, só nos últimos 600 está ligada à escravidão". Brown revela ter se surpreendido ao descobrir que que a África, que reconhecia como essencialmente religiosa, é um celeiro quando se trata de busca de tecnologias. Agora, está se aprofundando no afrofuturismo, sobre o quê diz ter muito a aprender ainda. "Preciso estudar mais a respeito e descobrir pessoas que vão falar com a gente na linguagem que o jovem possa entender, se não será sabedoria inútil. Tenho que primeiro descobrir se existe interesse neste assunto. Se não, qual a prioridade para a raça negra hoje?".  


"A Karol Conká deu uma super sorte pra gente. A popularidade é alta, para o bem e para o mal. E ninguém escapa do julgamento, quanto mais se for negro e sair do padrão em que querem que você esteja".  

 

Perguntado sobre como se sente diante da admiração que as pessoas que entrevista demonstram ao chegar ao estúdio para gravar, ele diz que procura usar isto para criar um clima favorável ao diálogo - de amizade - em que a pessoa não se sinta acuada nem intimidada. "Mesmo porque eles estão lá porque eu e a produção admiramos eles. São pessoas que têm nossa admiração, mesmo no caso dos que não concordamos".  

Sobre entrevistados da primeira temporada, o podcaster ressaltou a participação de Lázaro Ramos e citou que há assuntos em comum entre entrevistado e entrevistador. Na entrevista, ele citou uma pergunta feita ao ator: "você realmente acha que diretores brancos, depois de tantos anos, ainda não sabem como a gente é?". Apesar de saber a resposta e tratar do tema há muito tempo, explica que é uma forma de trazer o debate ao novo público que os acompanha no podcast. 


"Tem um lance legal. Eu tenho um diálogo legal com essa molecada jovem e com os caras que me lançaram. Eu sou abordado por pessoas mais velhas, casais, pessoas brancas que ouvem. E encontro também pessoas de 20 anos, que me abordam. Tem poucas coisas que conseguem isso, talvez só o futebol."

 

Entrevistas da nova temporada

Seu Jorge, Emicida, Sidarta Ribeiro são alguns dos nomes confirmados para a nova temporada, que vai procurar trazer em alguns episódios o formato de mesa redonda, como ao receber jornalistas especialistas em segurança pública Cecília Oliveira e André Caramante. Aliás, na coletiva de lançamento da nova temporada, o podcaster aponta que esse é um dos temas mais sensíveis a ele, como quem já conhece a obra do Racionais MC's pode imaginar. Reforça, no entanto, a importância de conversar de forma direta com a juventude e que tudo é muito urgente. 


"Quando eu me coloco em dúvida, o público também cobra as certezas. Cadê as convicções do Brown? Se colocar no lugar da dúvida tem um preço, mas vale a pena, estou feliz".  

 

Crença na Educação

"Até quem acha que eu sou um pensador, pensa que sou um pensador em um segmento só", desabafa. Na entrevista, a educação foi tema de destaque. O rapper indica que acredita muito no estudo e que defende um projeto de educação para o povo, que vá da educação infantil à faculdade. Uma das reflexões que faz é a de que o Brasil ainda é um país jovem e se não houver investimento na educação da juventude, não há como se chegar a um futuro melhor. A estrutura do país, na visão de Brown, ainda é a de um país que "tem a Casa-Grande, o pastor e as ovelhas". Ele usa a alegoria para ressaltar que a educação não pode continuar sendo para poucos.   

A propósito, o podcast tem por base não ser uma conversa de professor para aluno, mas sim de companheiro para companheiro. O entrevistado citou pessoas mais jovens que entrevistou e que sabem muito mais do que ele, como Emicida e Djonga ("O Emicida tem 80 anos e eu, 50", brincou para demonstrar a sabedoria que reconhece no jovem rapper). 

"O conhecimento tem que ser compartilhado. A nossa função é sempre compartilhar. Não concentrar conhecimento, tem que compartilhar"

 

Informação com credibilidade

Uma avaliação que Brown faz sobre os episódios é que precisa começar a citar mais as fontes do que é falado no podcast, ao destacar que é feita uma ampla pesquisa para cada tema, com cruzamento de opiniões e checagem. 

Levar este tipo de informação e dialogar com jovens da periferia é a meta da atração. 

"Na periferia, existe a sabedoria da inteligência. Eu sou contra a idolatria. Maior do que nós é a ideia, é a causa"

Marque na agenda: a nova temporada do podcast Mano a Mano estreia só no Spotify, de graça, na próxima quinta, dia 24 de março.  


  

 

 

 

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