#HOJEPOD: Kaê Guajajara, Nêgo Bispo e Bárbara Carine são destaques do podcast do Instituto Claro
Esta é uma semana repleta de datas importantes para os assuntos que costumo tratar nos episódios de cidadania e educação do podcast do Instituto Claro.
Dia 19 é o Dia dos Povos Indígenas;
E dia 22 marca o dia que aprendemos a chamar de
descobrimento do Brasil, mas que tem muito mais a ver com achamento ou invasão de
Pindorama.
Para refletir sobre essas datas, Nêgo Bispo, Kaê Guajajara e
Bárbara Carine são alguns dos destaques de março e abril no site ou no canal do
podcast do Instituto Claro nas plataformas de áudio.
Racismo Indígena
No canal de Cidadania, Kaê Guajajara enumera termos
que não devem ser mais usados para se referir aos povos originários. No #HOJEPOD,
você acompanha um trecho em que ela explica por que não devemos chamar 19 de
Abril como Dia do Índio.
Kaê Guajajara:
Nós temos a nossa diversidade. Meu povo é Guajajara e aí
vai ter o povo Pataxó. Então essas pessoas indígenas vieram de um povo. Elas
são Guajajara, são Pataxó. Elas não são índio, sabe?
E esse nome ele foi dado pelo colonizador, quando
chegaram aqui no Brasil, né, na ‘Pindoretaquia’ que era, né, e, quando olharam,
achavam que estavam na Índia. Então eles falaram assim ‘ah, índio’, para
generalizar, para dissolver toda a nossa diversidade.
Música: “Mãos Vermelhas” (Kaê Guajajara)
Chamam de pardos pra embranquecer
Enfraquecer e desestruturar você
Pra não saber de onde veio
Kaê Guajajara:
E aí, outra palavra é tribo. Tribo remete a uma coisa do
passado, a uma coisa arcaica, sem tecnologia. E os povos indígenas têm muitas
tecnologias, principalmente para ensinar para os não-indígenas. Então, o ideal
é que fale comunidades, aldeias, para se referir aos territórios desses povos.
O certo é falar indígena, para falar assim o mais
próximo, né, do respeito, mas o ideal mesmo é remeter cada pessoa pelo seu
povo, pelo seu nome, e não sair reproduzindo muitas coisas que não nos
representam.
Música: “Território Ancestral” (Kaê Guajajara)
Nós temos nomes, não somos números
Pra me manter viva, preciso re-existir
Já entre os episódios de Educação, o pensador e escritor
quilombola Nêgo Bispo explica o que é a perspectiva contracolonial e qual a
diferença em relação ao pensamento decolonial.
Nêgo Bispo:
“Se você foi colonizado e isso te incomoda, você vai
precisar lutar para se descolonizar e descolonizar os seus. Isso é a função da
decolonialidade. Eu sou quilombola, eu não fui colonizado. Porque, se eu
tivesse sido colonizado, eu seria um negro incluído na sociedade brasileira.
Então, no meu caso, eu tenho que contracolonizar – contrariar o colonialismo.
(…) O colonialismo está aí vivente, cada vez mais sofisticado”.
Nêgo Bispo:
Eu digo que nós não somos afro-brasileiros, nós somos
afro-pindorâmicos’. Porque quando eu falo de África, eu falo de um lugar.
Quando eu falo de Pindorama, também não falo de um povo, falo de um lugar, Por
exemplo, um grande companheiro nosso da luta, que é o cacique Babau… Cacique
Babau e o povo Tupinambá eles tiveram uma sacada extraordinária. Enquanto todo
mundo diz reforma agrária, o que eles disseram? Retomada. É uma nominação
diferente. Então, enquanto nós dissemos contra-colonialismo, os indígenas
disseram retomada e nós estamos juntos. porque quando os colonialistas chegaram
aqui, os povos originários chamavam aquele lugar onde eles chegaram de
Pindorama, ‘terra das palmeiras’.
Contra-colonialismo é um conceito afro-pindorâmico, porque
os indígenas também concordaram, boa parte deles estão usando o conceito
contracolonialista.
Aqui não é Brasil, para nós. Aqui é Pindorama. E nós
viemos de África. Então o encontro, a confluência entre africanos e povo
pindorâmico é um encontro afro-pindorâmico. E Babau simplesmente disse ‘nós
estamos é junto’, é confluência na retomada.
No perfil “@rocadequilombo” no Instagram, você encontra dois
momentos da conversa com Nêgo Bispo que foram gravados por mim durante a
entrevista para o podcast. Vale conferir.
Ainda na linha de conteúdos que repensam a colonialidade, eu
conversei com a professora finalista do Jabuti Bárbara Carine. No áudio ela
comenta 5 livros que escreveu e que trazem perspectivas afrocentradas e
antirracistas.
Bárbara Carine:
Então o que os meus livros fazem é mostrar que pessoas
negras, muito antes de serem escravizadas, elas eram gente, elas eram
intelectualmente potentes, elas eram pioneiras. Criaram as bases
científico-tecnológicas do mundo contemporâneo.
(Lê trecho do livro)
Para acompanhar todos os episódios do podcast do Instituto
Claro, busque no google por podcast Instituto Claro – Educação e podcast
Instituto Claro – Cidadania. Se preferir, você pode seguir o Instituto Claro no
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nos escutem. Outra opção é você pedir para a Alexa tocar o podcast do Instituto
Claro.
É isso. Esta edição especial do #HOJEPOD termina aqui. Até a
próxima, quando eu volto com mais novidades da podosfera, este incrível universo
dos podcasts.
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