Ouça todas as faixas do novo álbum de Reynaldo Bessa
Link para escutar nas plataformas de áudio (Spotify, Deezer, Apple Music, Youtube Music e Amazon Music): https://tratore.ffm.to/ofuturoquemealcance
Após 15 anos longe dos estúdios, Reynaldo Bessa
lança seu novo álbum "O futuro que me alcance"
Releitura para “Na Hora do Almoço”, de Belchior, está entre as 9 faixas
Na última década e meia, Reynaldo Bessa se dedicou intensamente à literatura. Poesia, contos e romances estão na bagagem do artista. Com o primeiro livro publicado, “Outros Barulhos – poemas”, conquistou o Prêmio Jabuti, na categoria poesia, em 2009. O mais recente, “A Noite além de Escura”, lançado ano passado, reúne contos em prosa poética.
Oito livros e seis CDs depois, o potiguar (Bessa é de Mossoró, RN) volta a gravar composições inéditas em estúdio. Não é que tenha deixado a música de lado ao longo desse período, mas o contato com o público ficou restrito a apresentações em shows. Foi em 2018, em temporadas no Brazileria e no Bar Brahma, ambos em São Paulo, que o artista passou a contar com o acompanhamento da banda “Os Psicodélicos da Tia Lalinha”. A partir daí músicas inéditas ganharam uma sonoridade diferente dos trabalhos anteriores lançados por Reynaldo Bessa.
O resultado pode ser conferido em “O Futuro que me Alcance”, que traz 8 faixas autorais (uma delas – Plural - em parceria com Paulo Cesar de Carvalho) e a releitura original para “Na Hora do Almoço”, de Belchior. “Eu sempre quis gravar o Belchior, mas eu não conseguia, não havia jeito. A influência dele é tão grande em minha vida, que eu não conseguia encontrar a minha própria voz”, afirma Bessa, que cresceu em Fortaleza, ao revelar que teve no saudoso artista cearense uma de suas inspirações para se tornar cantor e compositor.
A gravação das 9 faixas aconteceu no estúdio da produtora Play it Again Som & Imagem entre setembro de 2020 e fevereiro de 2021, com produção executiva de Andre Minnassian e produção musical de Caio Zan, produtor e músico que participa de algumas das faixas. O álbum está em todas as plataformas, com distribuição da Tratore.
O
FUTURO QUE ME ALCANCE – FAIXA A FAIXA
Faixa 1 – A Voz do Mundo
A gravação que abre o trabalho
convida à emoção. Após uma singela cantoria originada de um sampler com a voz
da mãe do artista, dona Toinha, versos remetem às origens de Bessa. O mundo
materno aparece na interpretação única do cantor, que, à capela, entoa seu
lirismo em metáforas que dão a grandeza única dessa relação: “Teu colo é maior
que o universo, tua voz é fruta de vez”, canta o autor na música de abertura,
que conclui com a pergunta “cadê a voz do mundo?”.
Faixa 2 – Plural (em parceria com Paulo César de Carvalho)
A música tem uma levada mais pop e,
tal qual esse estilo de música, traduz a fusão de diversas influências e
referências, em trechos como “tenho um ar de muitos ares / sou mar de muitos
mares / sou muitos não repares”
Faixa 3 – Na Hora do Almoço (Belchior)
A releitura traz um arranjo original
e, como sugere o nome da banda que acompanha Bessa (Os Psicodélicos da Tia
Lalinha), leva nossa mente a uma viagem por um universo de sons e sonhos. O
resultado é muito adequado ao período em que a composição de Belchior foi
criada, meados dos anos 1970. Tal qual nos dias de hoje, a família reunida à
hora do almoço amarga o medo e um incômodo temperado à angústia e melancolia.
Faixa 4 – Nem Todos os Cisnes são Brancos
Outra música que retrata bem os dias
de hoje. Aqui, Bessa usa metáfora inspirada em argumento do filósofo Karl
Popper para demonstrar que verdades podem ser relativizadas e, com isso, gerar
falsas percepções. O refrão repete o nome da canção para demonstrar a
importância da dúvida em contraponto a certezas absolutas.
Faixa 5 – O Futuro que me Alcance
Composição que dá título ao trabalho
e é representada graficamente na capa, em que a cor vermelha direciona para o
futuro e seu curso inevitável (que talvez exija uma parada para mudança de
rota) e a amarela, ao passado. Entre “aquilo e isso”, há a lacuna do tempo no
presente. A verve poética de Bessa alcança o ápice em ideias que flutuam pela
letra como “Vou na popa, vou de costas para a proa”. É a tentativa de lutar
contra o inevitável futuro em que estamos mergulhados.
Faixa 6 – Fantiana
Aquele tipo de música que nos faz flutuar
com um simples fechar dos olhos. Tal qual um lugar mágico e cheio de encantos e
que, por isso, parece inatingível, Fantiana é outra música que mistura
psicodelia com uma pegada mais pop e nos transporta por versos pelos quais
nosso subconsciente vai percorrer mesmo após o último acorde: “eu daria tudo
pra te ter agora, colorindo o escuro com a tinta das horas, eu daria agora”.
Fantiana é a dança que nunca foi dançada, o filme que ainda não foi visto, o
país nunca visitado, o poema não escrito, é a surpresa em forma de versos que
simplesmente nos levam ao inesperado que desejamos. O título da música é
baseado no livro “Pergunte ao pó”, de John Fante.
Faixa 7 – Na unha de um Serafim
Em todo CD de Bessa há uma faixa
romântica, daquelas que nos remetem a uma história única vivida ou abortada.
Aqui a segunda opção prevalece. A distância entre o amor idealizado e a
impossibilidade de vive-lo, mesmo sendo impossível viver sem ele (“eu não sei
viver sem você”, brada o poeta) é o que torna essa canção universal.
Faixa 8 – Quem é Ela?
As lágrimas que brotam de “Na unha
de um Serafim” se transformam em uma praia por onde a alegria volta a nos
convidar a um mergulho pelo lado mais solar da vida. É aquela faixa em que
Bessa remete às raízes mais profundas da infância e da juventude dele. A nós
resta sermos mexidos por ritmos tipicamente nordestinos, “acendendo nosso riso
com o brilho do cantar do poeta”, parafraseando um dos versos da música.
Faixa 9 – Cão dos Diabos
“O amor é um cão, uma megera, uma
dor de soslaio na janela, um cisco no olho da razão (...) quando chega é um
Deus-nos-acuda, o diabo também oferta ajuda, estrelas tilintam de alegria. Mas
um dia se esvai é tiro certo e atinge até quem não tá perto, com a faca
cortante da agonia”. Essas são algumas das metáforas que trazem a contradição
do estado amoroso. A voz e o arranjo são cortantes como a letra.
Ficha técnica:
Artista: Reynaldo
Bessa
Banda convidada: Psicodélicos
da Tia Lalinha
Produção e realização: Play
It Again
Produtor Executivo: Andre
Minassian
Produtor Musical e Engenheiro de Som: Caio Zan
Apoio: Fino da Bossa, Peças Raras, Gondim&Garcia Produções
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