Rita Lee foi a 'disc-jóquei desvairada' no Radioamador da 89 FM

Confira uma edição especial do #HOJEPOD, que estreia aos sábados, entre 10 e 12h, no Olá, Curiosos! (youtube, facebook, deezer, spotify e soundcloud do Guia dos Curiosos). Conversei com Marcelo Duarte sobre a experiência de Rita Lee como radialista. 

Em sintonia com diversas Ritas

Por Fausto Silva Neto e Marcelo Abud

Atualizado em 13 de maio de 2023

A arte, a cultura, e mais especificamente a música brasileira, acordaram tristes na manhã de terça, dia 9 de maio de 2023. Pois na noite anterior, um de seus maiores ícones encerrou sua maravilhosa turnê nos palcos deste mundo. Aos 75 anos, a consagrada cantora, compositora, e multi-instrumentista paulistana Rita Lee faleceu depois de uma longa luta pela vida.

Ela continuará a ser uma das artistas mais influentes do país, reconhecida por sua inteligência, pioneirismo, irreverência e ativismo em defesa das mulheres, dos animais e da liberdade. E foi consagrada no universo musical por todas as suas premiadas gravações, álbuns e shows. Mas Rita não foi uma só, foi tantas. Também mostrou toda sua desenvoltura artística e talento como escritora, publicando sete livros infantis e duas autobiografias, sendo que a última, lançada recentemente.

Exercitou seu lado atriz participando de produções na televisão e no cinema. Na novela "Vamp" (1991), interpreta uma roqueira vampira, e no humorístico "Sai de Baixo" (1997), vive papel de uma prima do personagem Caco Antibes, marcante na trajetória do ator Miguel Falabella. Já nas telonas, uma de suas aparições foi como a personagem Julieta, no filme “Durval Discos” (2002). Também figurou como dubladora na animação “Wood & Stock: Sexo, Orégano e Rock'n'Roll” (2006), dando voz à personagem do cartunista Angeli, Rê Bordosa. Apresentou ainda um programa televisivo intitulado "TVleezão" (1991), na MTV Brasil.

Rita Lee como Lita Ree, nos estúdios da 89 FM, em meados dos anos 80 (reprodução Facebook)

 

Rita Livre: Lita Ree, a disc-jóquei desvairada

Para quem não se lembra ou não teve a oportunidade de ouvir, Rita se aventurou brilhantemente roteirizando e apresentando um programa radiofônico semanal no dial paulistano, de nome "Radioamador" (1986), todos os sábados, às 18h, com uma hora de duração, na 89FM.

Nele, a cantora assumia a identidade de "Lita Ree, a disc-jóquei desvairada" que entrevistava e apresentava interpretando diversos personagens (na verdade, brincava muito com a voz, cantando e falando de maneiras caricatas e inusitadas).

E "disc-jóquei desvairada", por quê? Por ela ter total liberdade de misturar cantores e bandas de gêneros musicais diversos e de diferentes períodos, indo de Ângela Maria a Ratos do Porão ou de Sepultura a Nelson Gonçalves, por exemplo.

Era um verdadeiro "caldeirão" de possibilidades. Nas 35 edições que foram ao ar o público ouviu bandas e artistas de sucesso de outras gerações que já não tocavam mais tanto no rádio, como as próprias bandas que Rita Lee fez parte: Mutantes, Tutti-Frutti e outros artistas como Secos e Molhados, Carmem Miranda, Elza Soares, Maria Bethânia, Supla com sua banda Tokyo e muito mais. Isso tudo, além de tocar o que estava sendo lançado no cenário paulista do rock nacional, ao abrir espaço para quem ainda não tinha nenhum disco gravado, ou tocado no rádio.

Mas Rita Lee não estava sozinha. Em todas as edições do programa, contava com a companhia do marido Roberto de Carvalho e do dramaturgo Antônio Bivar.

É possível conferir registros históricos do programa "Radioamador" na plataforma do YouTube, numa gravação levada ao ar na extinta Rede Manchete, em que Rita conta que tocava esses artistas que não tinham a ver com o estilo da rádio, em função da atitude que esses artistas tiveram em suas jornadas.

Outro registro é possível ser ouvido no canal oficial da cantora Virginie, da saudosa banda Metrô, também no YouTube, com as locuções e vinhetas, da edição de número 2 da série "Radioamador". Vale a pena ouvir!...

 

Premiada em diversas artes

Ao longo de sua carreira, Rita Lee foi merecidamente premiada, e aqui cito a conquista de três troféus do Prêmio APCA, concedido pela Associação Paulista dos Críticos de Arte, como; “Melhor Show” pela turnê “Rita Lee em Bossa’n Roll”, na categoria Música Popular (1991); “Grande Prêmio da Crítica” por sua carreira musical, na categoria Música Popular (2016); e “Melhor Biografia/Autobiografia/Memória” por seu primeiro livro autobiográfico “Rita Lee: Uma autobiografia”, na categoria Literatura (2016).

Sem dúvida uma grande artista! Enaltecida no registro do amigo Caetano Veloso em sua canção "Sampa", em que remete ser Rita Lee a mais completa tradução de São Paulo, essa maravilhosa paulistana que já deixa saudades. Boa jornada, Rita!


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