Rádio USP lembra Pena Branca

José Ramiro Sobrinho, o Pena Branca, sofreu um infarto e veio a óbito no fim da tarde de segunda-feira. Laert Sarrumor, radialista e líder do Língua de Trapo, escreveu no Blog do Língua uma singela homenagem ao mestre da música caipira. Leia abaixo o texto na íntegra e ouça um trecho do programa Rádio Matraca com Pena Branca.

"Té mais, mano véio!

Em 1990 tive o prazer de participar de um dos mais gratificantes trabalhos dessa minha carreira de cantor/humorista/enganador.

Foi o espetáculo A Estrambótica Aventura da Música Caipira, concebido por Robson Borba, com roteiro e direção do saudoso mestre Carlos Alberto Soffredini, baseado nos “causos” de Cornélio Pires.

Contava a história da música caipira, desde seu aparecimento até os popstars breganejos, com um elenco que trazia o finado ator Adilson Barros - que, no papel do “Jeca” ia costurando os causos e as modas - os músicos Passoca, Kapenga Ventura e este Sarrumor - que junto com Wandi Doratiotto interpretava as duplas Alvarenga e Ranchinho e Milionário e José Rico (vejam só!) – entre outros.


Em pé: Cristina Guiçá, Laert Sarrumor, Paulo Vasconcelos, Kapenga, Luiz violeiro, Beto Sodré, Passoca e a acordeonista Rosa. Sentados: Os “mano véio”, Pena Branca e Xavantinho. Agachados: Adilson Barros, Lucinha, Wandi, Soffredini, o mímico Eduardo Coutinho e Zana de Oliveira. Foto de Vera Albuquerque.

As estrelas do espetáculo, sem dúvida, eram os “mano véio”, a dupla Pena Branca e Xavantinho.


Pena Branca e Xavantinho. Ao fundo, Cristina Guiçá e Eduardo Coutinho. Foto: Vera Albuquerque.

Foram meses de trabalho – entre ensaios, as apresentações no enorme Teatro Sergio Cardoso e a turnê por cidades do interior paulista- em que todos nós de elenco pudemos conviver com essas duas criaturas muito especiais, caipiras autênticos de Uberaba, excelentes seres humanos.

Em algumas cenas, nós nos reuníamos em volta deles, que, com voz forte e sempre sorridentes, iam desfiando clássicos da música sertaneja, como “Mágoas de Um Caboclo” e “Luar do Sertão”. Eu olhava com o canto dos olhos para os companheiros de cena e flagrava alguns olhinhos marejados de lágrimas. Era pura emoção!

A carreira deles foi curta. Começaram no disco em 1980, ganharam Prêmio Sharp, APCA, cantaram com Milton Nascimento, Fagner, Tavinho Moura e outros “bambas” da MPB, viajaram pelos esteites.

Em 1999 Xavantinho se foi. Pena Branca seguiu cantando. Seu disco “Semente Caipira” ganhou o Grammy Latino de melhor álbum de música sertaneja, em 2001. No dia 21 de setembro de 2002 ele esteve na Rádio Matraca, lançando o álbum “Pena Branca canta Xavantinho”, só com composições do irmão. Na segunda-feira passada, ele também se foi.


Ouça aqui um bloco do programa especial da Rádio Matraca, com o Pena Branca.
(se o player não estiver visível, clique aqui)

No próximo sábado, dia 13, o programa será reprisado na íntegra. E na sexta, dia 12, entre meio-dia e uma hora, no programa Via Sampa, na Rádio USP, breve homenagem, na “Dica do Sarrumor”.

É o mínimo que se pode fazer, por pessoas tão queridas." (Laert Sarrumor)

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