Déa Silva e reminiscências sobre O Pick-up do Pica Pau

Déa Silva no ambiente em que Walter trabalhava.
A Bandeirantes foi a primeira emissora a se preocupar com o rádio de estúdio, com criatividade, na década de 50, logo após o surgimento da TV. Não era apenas “vamos ouvir” e “acabamos de ouvir”. Havia críticas, comentários, ligações telefônicas, reportagens. Era um rádio vivo, atraente, que prendia o ouvinte. Feito por gente inteligente. Sem apelações. Na época, a relação com as gravadoras era saudável, amistosa. Elas não se atreviam a impor algo. Os Disc-jóckeys tinham liberdade para elogiar ou criticar os discos perante os divulgadores.

Desse período, os dois programas de maior audiência, em todo o Brasil, foram Telefone Pedindo Bis e O Pick-up do Pica Pau .

Ouça no player entrevista exclusiva com Déa Silva e trechos raros do programa, cedidos por ela.


Se o player não estiver visível, clique aqui para acessar.


Em função do próximo Interferência, que vai ao ar amanhã, 05 de novembro, entre 10 e 12 h., no “Você é Curioso?”, pela Rádio Bandeirantes, conversei com Déa Silva, parceira na vida pessoal e profissional do “Disc-jóckey de São Paulo”. Confira uma edição especial em que conversamos sobre o sucesso do programa, as polêmicas nas quais o comunicador se envolvia por ser autêntico, alguns talentos descobertos por ele. Só para citar um exemplo: Elis Regina se apresentou pela primeira vez em um programa de rádio no Pick-up do Pica Pau.

Curiosidades sobre Walter Silva
e o Pick-up do Pica Pau

Um dos blusões usados por
Walter Silva, quando ganha o apelido
de Pica Pau, na TV Tupi.
O Pick-up veio com uma proposta nova. Tocando de Paul Anka e Neil Sedaka a Os Cariocas e João Gilberto. Aliás, ninguém tocava João Gilberto. Walter Silva era advertido por comunicados pela direção da rádio. Continuava tocando e acreditando. As outras emissoras ainda tocavam Ângela Maria, Nelson Gonçalves. Walter Silva não aceitava isso. Destacava poesia de Neruda. Um programa que falava com o povão com poesia de Neruda! Resultado: a maior audiência do rádio, com cerca de 1 milhão e 800 mil ouvintes por edição do programa.

Walter queria ensinar o povo a distinguir boa música, a ter bom gosto. Quando tocava sertanejo, era Tristeza do Jeca. Tocava de tudo. Uma vez, chegou para o discotecário Zé Carlos Romero e perguntou onde ficava o casulo de música francesa. Encontrou um tal de Charles Aznavour. Um cantor que havia sido lançado há 3 anos na Europa e ninguém conhecia aqui no Brasil. Estourou. Walter Silva recebeu carta de agradecimento do artista, que depois veio ao Brasil em função do episódio.

Além de tocar música, falava... chegou a receber carta de Matin Luther King pela defesa que fazia da causa dos negros, na Bandeirantes. Falava, sem papas na língua. Era difícil, briguento, encrenqueiro, criador de casos, mas era respeitado e seguido por todos os radialistas, sendo referência como DJ.

Lançou sucessos como Oh, Carol, com Neil Sedaka e Dianna, com Paul Anka; também foi responsável pelo êxito de Chega de Saudade, na voz de João Gilberto.

Abaixo, um depoimento de Déa sobre o saudoso Walter Silva.

Comentários

PASTTOR7 disse…
amei parabens pelo blog. Colocamos vc na lista de nossos blogs preferidos. veja radio1906.blogspot.com. Coloque nos ai em seu blog!
ADEMAR AMANCIO disse…
Conheci Walter Silva em 86 na Radio Cultura AM,ele fez o que quis com a minha cabeça.Espero um dia encontrá-lo no plano espiritual.

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