A coragem de gente como Leporace
Hoje é um dia para ser lembrado a todo ano pelos ouvintes que valorizam o radiojornalismo.
Em 16 de abril de 1978, faleceu, de edema pulmonar, aos 66 anos, em São Paulo, o “trabuco” Vicente Leporace.
No rádio, Leporace foi redator, locutor, programador, discotecário e radioator. Entre seus feitos, destacam-se a produção e apresentação do Jornal da Manhã da Rádio Record, lançado em 1º de abril de 1951 e – claro – a fase em que esteve no comando do jornalismo matutino da Rádio Bandeirantes de São Paulo.
O Trabuco em edição de 1969 (caso não visualize o player, clique aqui para baixar o áudio)
Em 1962, o saudoso radialista aceita o convite e transfere-se para a Bandeirantes. Na emissora, lança o “Trabuco”, um informativo matinal em que lia jornais e completava as notícias com seus comentários ácidos. Leporace era visto por muitos como a voz em defesa dos menos favorecidos.
Seu apelido representava tanto a arma de defesa e ataque que tinha esse nome como uma corruptela da Calábria, terra dos pais dele. Conta-se que naquela região, usava-se o boca a boca para troca de informações na tentativa de combater tropas invasoras, sendo criado para isso o neologismo Trabuque (entre boca; o que não podia ser dito em voz alta)
Durante a ditadura, em 64, o comunicador chegou a apresentar o noticiário sob a mira de um fuzil.
O Trabuco ficou no ar por 16 anos, até o falecimento de Leporace. Em 18 de abril, em substituição ao tradicional espaço, estréia o Jornal Gente, com a pretensão de manter a faixa das 8 da manhã como uma tribuna aberta ao debate e às manifestações do povo.
Abertura do primeiro Jornal Gente
(caso não visualize o player, clique aqui para baixar o áudio)
Em tempo, ambas as passagens de áudio que ilustram esta postagem foram extraídas do programa Memória, apresentado por Milton Parron nas Rádios Bandeirantes (sábado, por volta de 23 horas, com reprise em torno de meia-noite de domingo) e USP FM, nas manhãs de sábado.
Comentários
Seus comentários,hoje, nos parecem atuais, dada a sua capacidade, ou possivelmente a estagnação de um país como o Brasil, atrasado e pobre culturalmente.
Gostaria que apresentassem mais audios deste ilustre radialista como de outros tantos que fizeram a história.
O momento é oportuno pois estamos orfãos de talentos.
E os que temos estão no final, e os novos estão ofuscados por tanta porcaria!
Enquanto isso a bandalheira esbanja e se impregna.