Transcrição: Professora Algemira Kollar e a importância da literatura infantil para gerar reflexão
A professora Algemira Kollar participou da transmissão de outubro do podcast Pois É, Poesia: Arte no Plural, com o tema "Literatura Infantil/Juvenil: o fabuloso mundo da leitura". Você pode conferir a edição completa aqui ou diretamente no player abaixo.
Mestre em Educação, com abordagem em Produção Textual e foco em Formação de Educadores, a professora de Língua Portuguesa atua há mais de 30 anos em escolas públicas do Estado de São Paulo.
Kollar considera a Literatura Infantil e Juvenil o caminho para transformar as aulas em momentos de compartilhamento e reflexão.
Acompanhe a seguir, a transcrição da conversa com o apresentador Reynaldo Bessa.
(Vinheta: Pois É, Poesia)
Reynaldo Bessa:
Então eu já vou chamar aqui para conversar com a gente a
professora Algemira Kollar. Ela é mestre em educação com abordagem em produção
textual e foco em formação de educadores, professora de língua portuguesa por
30 anos na escola pública do estado de São Paulo.
(Eu Falava com a Keka Reis sobre essa luta, esse, esse
grande, essa grandiosa, né, enfim, estrada)
Atualmente, a Algemira Kollar é professora em escola
Internacional de São Paulo. E considera a literatura infantil e juvenil um caminho
para transformar as aulas em momentos de compartilhamento e reflexão.
Professora Algemira Kollar, seja muito bem-vinda ao Pois É, Poesia.
Algemira Kollar:
Boa noite. Muito honrada de participar com vocês. E o
trabalho com a leitura com estudantes é muito enriquecedor. Trabalhei durante
todos esses 30 anos carregando caixa de livro, fazendo propaganda de livro e
fazendo uma motivação de alguma forma, da forma que podia dar que os alunos
lessem. Foi muito, muito, muito bom e hoje continuo nessa luta.
Reynaldo Bessa:
Eu não sei se seu microfone está batendo em algum lugar aí na
mesa, o seu microfone do fone? Porque, por gentileza, procure ver isso. Ele
está interferindo um pouco na sua fala?
Algemira Kollar:
Melhorou?
Reynaldo Bessa:
Melhorou, melhorou.
Algemira Kollar:
Está bem, desculpa.
Reynaldo Bessa
Eu gostaria de saber, gostaríamos de saber, né, qual o ciclo
exatamente que a senhora trabalha? E como você ministra, por exemplo, os livros
da Keka Reis, pra ficar apenas um exemplo.
Por exemplo, cria um grupo de leitura e solicita as
impressões dos alunos? Faz desenhos dos personagens, narrativas, muda o final,
como é que é?
Algemira Kollar
Tem muitas coisas aí. Eu trabalho com ensino fundamental 2,
sexto ano. E nos sextos anos, a gente faz a leitura coletiva do livro ‘Chocolate’.
A criançada resolveu apelidar o livro ‘O Dia que minha vida mudou por causa do
chocolate comprado nas Ilhas Maldivas’ de ‘Chocolate’ e nós fazemos uma leitura
coletiva, é uma leitura em que os alunos fazem a leitura em voz alta e nós
vamos parando, interferindo na história, interferindo no sentido de conversar
sobre os pontos que tocam aos alunos, em que os alunos se sentem tocados pelo
tema, pela história e é interessante porque eles percebem algumas coisas que
são muito abstratas assim para essa faixa etária. Que é a questão do tempo
cronológico e do tempo psicológico, porque a personagem principal, muitas vezes
ela fica dentro dela, ela fica fazendo pensamento, ela volta para situações
muito marcantes. E as crianças, né, os pré-adolescentes, eles ficam muito
tocados com isso. E cada ano que eu trabalho, novas estratégias aparecem. É
muito interessante porque o público, né, os estudantes, eles vão criando
caminhos para leitura. E eu acho que isso faz com que a literatura fique viva,
né? A literatura não é o show que está escrito ali, mas como ele toca o aluno,
então é, eles não gostam muito do final do livro. Então, esse ano eles tiveram
a possibilidade de fazer a reescrita do final, mas só com imagens. Era proibido
escrever uma palavra. Eles fizeram muitas imagens para chegar a um novo final
da história e que eles ficaram contentes em poder interferir no livro, não é?
Eu peço desculpa, desculpa à autora, mas nós fizemos isso.
Um ponto muito interessante foi que nós fizemos novas
cartas. Na obra a Mia escreve uma carta para mãe tentando argumentar sobre o
celular e no final ela não manda essa carta e isso foi um motivador para eles
aprenderem o gênero carta e eles escreveram cartas de um personagem para outro.
Foi muito interessante, porque os alunos entendem a construção do personagem.
Então eu acredito, o escritor, ele constrói um personagem e o estudante, o pré-adolescente,
ele tem a sensibilidade de compreender a construção desse personagem e de
conseguir se comunicar com ele. Então tem sido um grande prazer trabalhar com o
livro da Keka Reis. A gente trabalha com outros na escola também agora e a
gente gosta muito também de observar as ilustrações, como o livro chega ao
aluno.
Reynaldo Bessa
Falando do final, né? Eu, como escritor e como também
professor de literatura, aprendi/descobri que nenhum leitor gosta do final
mesmo.
Algemira Kollar
Isso é verdade.
Reynaldo Bessa
Isso é uma raridade, Ernest Hemingway escreveu o final de Adeus
às Armas 40 vezes. A senhora sabe disso? Ele mudou 40 vezes, fora um monte de
história aí. Então o final é um negócio muito... O começo do livro é
complicado, mas o final do livro também é muito complicado. Eu geralmente
escrevo, eu geralmente escrevo o começo e escrevo o final. Se eu não tenho o
final, eu não escrevo o livro. Só me meto a escrever quando eu tenho um final improvável,
não é?
Professora, o Ricardo Azevedo, em sua tese Aspectos da Literatura
Infantil no Brasil Hoje diz que textos didáticos são essenciais para a formação
das pessoas, mas não forma leitores. Ele diz que é preciso que haja acesso à
leitura de ficção, ao discurso poético, à leitura emotiva e prazerosa. Eu
pergunto à senhora, o livro infantil / juvenil estaria entre o universo
didático e a literatura? Ou seja, serve como ponte a esses dois extremos ou não?
Algemira Kollar
Acredito que sim, porque, por exemplo, nesse livro da Keka Reis,
a partir desse livro, então, a gente trabalha com gêneros textuais que são
tocados ali. A gente tem o bilhete, a gente tem a carta e o livro todo é um
relato. Então esse trabalho com gêneros textuais ele não é forçado e ele não
faz o aluno perder o prazer da leitura do texto, mas ele colabora com o
professor, que precisa também passar esses conteúdos. Eu não gosto que o livro,
a literatura seja um pretexto, isso eu não concordo. É, eu acho que a
literatura ela tem que ser preservada. E ela é o bem maior ali da aula, né? Mas
a gente consegue tirar alguns pontos dali, até para que o aluno entenda e o
jovem compreenda que analisar um livro faz com que a gente compreenda mais
ainda os pontos, os aspectos e as temáticas que o autor quis tocar no seu livro.
Então, eu acho que é possível a gente fazer isso sem que esteja forçando esse
caminho, mas que seja um caminho natural, um bom livro, ele colabora com isso.
Reynaldo Bessa
A senhora lembra de algum livro infantil, juvenil que a
senhora - não vou dizer que mudou a sua vida, não acredito que um livro mude a
vida -, mas que não vou ser tão exagerado, mas aquele livro que a senhora não
esqueceu, guardou...
Algemira Kollar
Olhe, eu fui uma menina que li muito, muito, muito, muito. E
eu lia livros que não eram para minha idade, mas eu gostava de ler. Então, se
eu falar que o livro que me tocou muito, um autor que muito me tocou, vai ser
um pouquinho estranho, porque eu gostava na minha adolescência de ler Voltaire. Então eu não posso, eu não vou falar um livro juvenil
não, porque eu acho que eu lia livros muito diferentes na época, né? Mas como
professora, muitos livros me tocaram. Pedro Bandeira é um autor que os alunos,
mesmo os alunos de hoje, ligados às redes sociais, adoram “A Marca de uma Lágrima”,
adoram Pedro Bandeira, todas as aventuras dos Karas, né? Então os livros tocam,
os livros infantojuvenis eles são o caminho para o prazer da leitura. Isso eu
tenho a certeza.
Reynaldo Bessa
Professora, muito obrigado pela sua participação, pelo seu
tempo, pelas suas palavras, suas palavras, enfim, preciosas aqui pra gente.
Muito eludidativas, objetivas, que só nos engrandece. Tá bom? Sucesso aí no seu
trabalho, viu? Muito obrigado.
Algemira Kollar
Muito obrigada. Está ótimo. Eu que agradeço.
Reynaldo Bessa
Valeu. Bom, para você que esteve até aqui, né, os nossos
mais profundos, nossos mais profundo agradecimentos. Vamos aos comentários, né?
Eu queria só agradecer mais uma vez à Editora Global. Eu vou fazer um pouquinho
isso depois. E ao Alfredo Caseiro estava aí também, claro, a livraria Pé de
Livro, que nos recebeu com todo o carinho, né? Então já adianto aqui os nossos
agradecimentos. Diga lá, Abud. Manda ver aí.
Marcelo Abud
Muito bem. Então vamos aos comentários. Eu estava com alguns
probleminhas técnicos, não quis falar para não assustar o apresentador. O cara
que está controlando a técnica está com problemas técnicos, pode assustar um
pouco. Então vamos agora aos comentários que chegaram ao longo dessa transmissão.
São muitos, eu vou resumir alguns.
A Milena Helena fala sobre o Pedro Bandeira, que é uma
delícia, uma coisa linda poder ouvir o Pedro Bandeira e que lembrou da época de
adolescência, porque os livros fizeram parte da vida dela. A Adele Grostein,
que é doutorando no programa de estudos pós graduados em literatura e crítica
literária da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, esteve aqui na
nossa transmissão também, gostou bastante. O Alfredo Caseiro comentou o tempo
todo, deu aqui, digamos, uma assinatura para cada participação, elogiou o livro
“É Isto ou Aquilo”, a nova edição, falou do Pedro Bandeira, que é encantador, chamou
o tino de o boto. Aí eu já não sei qual é, enfim... a Sônia Regina Mendes também
participou bastante. Disse que o Pedro Bandeira trouxe encantamento para a
noite. Ela disse que as filhas e netos dela amam os livros do Pedro e disse
ainda que amou a participação do Tino Freitas. E, por fim, a Sônia comenta que
a sobrinha dela se tornou tradutora, formada em letras pela USP, porque ela,
Sonia, colocou esse monstrinho da leitura na sobrinha. Temos ainda a Maria
Josiane, que falou sobre a participação contagiante do Pedro. A Ana Regina Spinardi,
que também fez várias participações aqui ao longo da nossa transmissão, deve
estar ainda conosco. Deu saudações antirracistas, disse que este é um encontro
muito importante e falou também ainda que amou a indicação de livro da Nat,
assim como outras pessoas, a Ana Regina e a Sônia, também falou que gostou da
indicação de livro da Nat, que vai adquirir. O Valdemar Jorge deu os parabéns,
disse que o programa está muito bom e que poesia é sempre necessária. E aí vem
a Milena, que comentou sobre a fala fácil e importante do Cristino, o que
também disse a Érika Nascimento. E muitas participações elogiando a
participação da Keka Reis. Dessa questão justamente da aproximação que ela faz
com o público, que nem muita gente olha, né? A gente fala muito do ensino
fundamental 2, que é deixado um pouco de lado na educação e a literatura
infantojuvenil entra justamente nesse momento. Ela teve muitos comentários. Ana
Regina Spinardi comentou, da AEL, né, que foi mencionada na entrevista e a Ana
disse que vai abrir mais uma AEL, que é também uma informação que chega aqui
nos nossos comentários. É muita coisa, é muita gente. Foi muito legal a
participação de todo o mundo e, por isso, vale presentear essa turma toda. Uma
delas, uma dessas pessoas agora corre o risco de levar para casa a edição
especial do “Ou Isto ou Aquilo”, celebrando 60 anos do lançamento do livro de
Cecília Meireles.
Reynaldo Bessa
Obrigado, Abud. Vamos encerrar então. Valeu gente. Mais um,
né? Encerrando agora, o quinto episódio desse grande acontecimento, que é e que
está sendo, né, que é o Pois é, Poesia. E agora, né, uma finalização, um
agradecimento, na verdade, a toda equipe aqui do, Pois é, Poesia, do podcast,
agradecer a todos e a todas que ficaram com a gente até agora e até o próximo
episódio do Pois É, Poesia: Arte no Plural. O sexto episódio, o tema a gente
vai soltar depois nas redes. Tá bom? Obrigado a todos e todas mais uma vez.
Valeu!
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