80 anos de Milton Nascimento: João Marcello Bôscoli e William Teixeira analisam a música Morro Velho
Milton Nascimento em apresentação em Veneza (Itália) em 2022 (crédito: divulgação/ Marcos Hermes) |
Publicado em Instituto Claro, em 12 de outubro de 2022
“Morro Velho” foi gravada inicialmente no disco “Travessia”, de 1967. Na letra, Milton Nascimento trata dos caminhos destinados a duas crianças, uma preta e outra branca, que moram na mesma fazenda. Explorando a desigualdade e o preconceito racial, a canção permanece atual ao apresentar como são diferentes as oportunidades dadas a esses dois personagens.
“É um belo retrato da sociedade brasileira pós-escravagista, entretanto, com todos os traços do escravagismo que ainda se mantêm presentes. E em uma região especial. Estamos falando de Minas Gerais, onde o próprio meio de produção rural preserva nas suas estruturas todas estas manifestações de uma maneira quase que intacta”, analisa o doutor em música e professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul no programa de pós-graduação em Estudos de Linguagem William Teixeira .
Uma década depois, a música ganha sua versão definitiva na interpretação de Elis Regina, no álbum “Elis”. “Na minha opinião, essa música tem tudo. É uma junção maravilhosa da melodia com o que é dito. E a maneira pela qual a harmonia vai caminhando, vai criando uma atmosfera com total consonância com o que está sendo dito”, analisa o produtor musical João Marcello Bôscoli, filho de Elis Regina.
No podcast, ele conta a reação da mãe a uma situação de racismo em seu prédio e traz percepções sobre a atmosfera da canção. “‘Morro Velho’ é uma dessas joias que sempre que forem ouvidas vão entrar de certa forma no coração das pessoas, na cabeça”, resume Bôscolli.
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Ouça também uma edição especial do podcast Peças Raras, com a entrevista de João Marcello Bôscoli na íntegra:
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