Histórias do Rádio Ep. 03 - O radioteatro e a radionovela fazem história a partir dos anos 1940

No terceiro episódio da série "Histórias do Rádio", saiba como surgiu o gênero mais tradicional da cultura popular brasileira: a novela. Há 80 anos, no rádio, entra no ar a adaptação brasileira para as tramas de "Em Busca da Felicidade". Nos anos 1940, o radioteatro também já fazia história. Acompanhe no player abaixo ou no seu tocador de podcasts preferido, no canal Peças Raras:


Nos anos de 1940, ao ver o rádio ter sua credibilidade e prestígio impulsionados, Getúlio Vargas encampa a empresa “A Noite”, incluindo a Rádio Nacional. Por um lado, o rádio passa a ser usado como instrumento do governo, já que a partir da emissora carioca irradiava-se para todo o país os atos, discursos do presidente e dos ministros. Por outro lado, a Nacional ganha recursos financeiros, humanos e técnicos, disparando na audiência e no faturamento, chegando a ser a 5ª emissora do mundo.


O rádio brasileiro da década de 1940 descobre outros rumos, tendo como embrião o radioteatro, difundido na década anterior pelas rádios Bandeirantes e Record, em São Paulo; e pelas emissoras Mayrink Veiga e Nacional, no Rio de Janeiro. A radionovela entra em cena em 12 de Julho de 1941, pela Rádio Nacional. A ideia veio dos Estados Unidos e foi uma criação da agência de publicidade McCan Ericson, que já tinha escritório aqui no Brasil. Aliás, o principal gênero da cultura popular do nosso país, que teve origem no rádio e hoje ocupa boa parte do horário nobre da televisão, é conhecido nos Estados Unidos como Soap Opera. O motivo: trata-se de um programa criado para vender sabão. Entenda-se aqui: produtos destinados à limpeza do lar e à higiene pessoal. Não é a toa que a abertura da primeira radionovela brasileira convide as senhoras e senhoritas a acompanharem a novidade.


As radionovelas logo alcançaram sucesso, a ponto de algumas emissoras chegarem a transmitir 16 novelas simultaneamente. A Rádio São Paulo tinha toda a sua programação destinada ao gênero. Na esteira das radionovelas, criam-se novas funções complementares ao trabalho dos atores, como o contra-regra (também chamado de sonoplasta), responsável por todos os efeitos sonoros. A credibilidade dos dramas radiofônicos era muito grande, prova disso é que quando uma personagem engravidava, por exemplo, não demoravam a chegar brinquedos e casaquinhos de tricô à emissora.


Almirante, considerado “a maior patente do rádio”, passa a estruturar os programas de auditório com a presença de narrador, músicos e comediantes – fórmula de tremendo sucesso durante décadas.


Um dos programas que marca esse estilo de transmissão é o Balança, mas não cai. A ideia era fazer o público imaginar um prédio onde morava todo o elenco e também os profissionais da Rádio Nacional. O destaque da atração era o encontro de Paulo Gracindo e Brandão Filho, ou simplesmente Primo Rico e Primo Pobre.


A década de 40 também é marcada pela força das transmissões esportivas. Em São Paulo, a Panamericana, atual Jovem Pan, se torna a emissora dos esportes. No jornalismo, Repórter Esso e O Grande jornal Falado Tupi – cada qual ao seu estilo – fazem o rádio adquirir ainda mais credibilidade junto ao ouvinte. Por hoje é isso.


No próximo capítulo, os anos 50 e as eternas Rainhas do Rádio.

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