Lima Duarte completa 80 anos
Imagens de Lima Duarte extraídas do blog Respeite o Idoso
Nesta segunda, 29 de março de 2010, Lima Duarte completa 80 anos de idade. Nem todos sabem, mas aos 18 anos, Duarte já brivalha no mundo das comunicações. À época, era um grande sonoplasta da rádio Tupi de São Paulo (aquela da família Chateaubriand e não esta de hoje).
Ouça um trecho de entrevista à Jovem Pan em que Lima Duarte relembra uma divertida passagem dos seus tempos de mocidade, quando era o sonoplasta da rádio Tupi.
(se o player não estiver visível ou quiser baixar o áudio, clique aqui)
Com tanta experiência e tendo atingido um patamar imconparável na TV, o artista foi o responsável pelo prefácio do livro "A Hollywood Brasileira – Panorama da telenovela no Brasil", de Mauro Alencar. Acompanhe o delicioso texto que conta como nasceu a televisão no Brasil e quem foram seus pioneiros. Lembrando que a TV completa 60 anos agora em 2010, no dia 18 de setembro.
AMIGOS, TARDES E PETECAS
(Lima Duarte)
A gente chegou para jogar peteca – Hebe Camargo, Lolita Rodrigues, Walter Forster, Heitor Andrade, Dionísio Azevedo, Ribeiro Filho, Osni Silva e eu. Todos grandes amigos.
Era de tardezinha e isso aconteceu num tempo em que ainda existiam amigos, tardes e petecas... Um sujeito lá virou para nós e disse: “Não! Não podem mais jogar aqui!” O Osni Silva, que era o mais destemperado, perguntou: “Não pode por quê?” E o homem respondeu: “Porque nós vamos limpar este terreno e amanhã começamos a furar tudo para fazer a televisão.”
Era 1948 e eu trabalhava lá desde 1946. Tudo comprovado e atestado em minha carteira profissional. Eu tinha 16 anos e chegara de Minas Gerais, mais precisamente de Desemboque, em 1946, de maneira que a televisão veio estragar o nosso campo de peteca. Furaram, arrebentaram tudo e construíram a primeira emissora de televisão da América Latina, a TV Tupi Difusora de São Paulo. A segunda foi a TV Cubana, inaugurada no mesmo ano, mas no mês de novembro. A Tupi era de setembro, 18 de setembro mais precisamente. O Walter Forster morreu sustentando que a primeira fora a Cubana e que Havana naquela época era o bordel dos americanos; então, nada mais natural do que a existência de uma TV num bordel. Eu estive em Havana, não a do Fulgêncio (o bordel), mas a do Fidel, um povo íntegro, digno e corajoso, e comprovei que a televisão brasileira é dois meses mais velha.
Tudo isso porque eu considero importante que saibam do contexto em que tudo aconteceu. O contexto era este: amigos, tardes, petecas, e é bom que saibam que eu estive lá desde o começo, ou antes do começo.
Quando a televisão ficou pronta, instalou-se um problema: quem seria o primeiro diretor artístico da América Latina? Existiam três candidatos (eu gosto muito de pensar que televisão seria essa, se um dos outros dois tivesse sido o escolhido): Walter George Durst, Túlio de Lemos e Cassiano Gabus Mendes. Venceu o último, que, uma vez escolhido para ser o diretor, disse: “Eu exijo que o meu assistente seja o Lima Duarte.” Eu gritei: “Opa! Que é isso, está querendo me estrepar? Vou deixar de ser o melhor sonoplasta da Rádio Tupi Difusora para ser diretor de televisão? De jeito nenhum.” Foi então que ele escolheu o Luiz Gallon e, como assistente do Gallon, o Luiz Gustavo, seu cunhado.
É realmente verdadeira aquela história que contam até hoje de que no dia 18 de setembro, depois da inauguração, houve um jantar. Já na sobremesa e antes do cafezinho, o Cassiano perguntou: “Ih... e amanhã o que é que a gente põe no ar?!” Saímos correndo aos consulados para ver quem tinha algum filme para ser exibido na televisão e achamos uma porção: filmes sobre história natural, biologia, Cubismo, os perigos da doença venérea, os males que a sífilis traz e Marshall McLuhan; enfim, uma televisão muito louca.
Um ano depois desse happening, em 1951, o Cassiano teve a idéia de fazer uma telenovela, pois é bom que se diga que a televisão no Brasil foi implantada e sustentada por gente de rádio. Nem jornalistas, nem intelectuais, nem o pessoal do teatro, nem a comunidade universitária, ninguém tomou conhecimento e, nós, os do rádio-teatro, tocamos aquilo. Nada mais natural do que a adaptação de uma novela de rádio para a televisão. Foi quando aconteceu o tão falado fenômeno Sua Vida me Pertence, de Walter Forster, interpretada pelo Walter e pela Vida Alves.
Nessa telenovela apareceu não só o primeiro beijo, mas também o primeiro bandido, o primeiro delegado, o primeiro médico, o primeiro pai, a primeira mãe, o primeiro amor, o primeiro desengano, a primeira esperança, a primeira lágrima, a primeira insídia e o primeiro final feliz, com o tal beijo; enfim, tudo o que existe nas novelas até hoje. O engraçado nesse primeiro beijo é que a autoridade de plantão o proibiu, argumentando: “Não. As televisões entram nos lares e esses lábios unindo-se em lascívia, penetrando o recôndito do lar brasileiro, vão ofender a moral da família.” Bem, era um tempo em que ainda existiam famílias, lábios e lascívia. Os autores disseram: “Não. O beijo é necessário”, e os atores disseram que também queriam beijar. O general insistiu: “Não.” O juiz também disse: “Não.” O bispo fez eco: “Não, não e não. Ainda se fossem americanos, mas são brasileiros beijando-se com bocas brasileiras, isso nunca.” No dia do último capítulo que iria ao ar à oito horas da noite, houve uma reunião na sede da censura para a decisão do beija ou não beija. Só às seis horas saiu o veredicto. “Beija, mas de boca fechada.” Essa foi a melhor história da primeira telenovela ainda não diária. Eu estava lá e era o bandido.
O mais curioso, e que talvez mereça mesmo uma análise, foi a segunda telenovela. Um êxito enorme! Claro, só havia nós no ar e a novela era rural, já a segunda... Chamava-se Sangue na Terra, de Péricles Leal, ele também um intelectual, paraibano, filho de Simião Leal, jurista, ficcionista, um homem de letras. A novela passava-se na Serra de Borborema e contava a história de Antonio Silvino, o maior cabeça de jagunço que jamais houve, sob o comando de quem o iniciou no cangaço, Virgulino Ferreira, o Lampião.
Se for verdade que o Brasil passou da sociedade rural à sociedade urbana, ou se está passando em apenas cinqüenta anos, não menos verdade é que o brasileiro ficou com um pé na roça, e desse pé na roça surgiram novelas lindas! Entre as dez melhores eu destacaria umas sete de ambientação rural; a primeira em cores, O Bem Amado, na qual eu também estava, pois era o Zeca Diabo; a primeira da “nova República”, Roque Santeiro, em que eu estava também, fazendo Sinhozinho Malta.
Para concluir, a novela que marcou aquele período inicial foi mesmo O Direito de Nascer, também dirigida por mim. Uma novela rigorosamente genial. Como era novela de rádio cubana, transportada para televisão e para o Brasil, eram necessários muitos acontecimentos. Para falar dela, aproveito Umberto Eco em Viagem na Irrealidade Cotidiana:
“(...) é preciso colocar tudo e para colocar tudo é preciso escolher no repertório do já comprovado. Quando a seleção do já comprovado é limitada, tem-se a série maneirista, o seriadozinho e até mesmo o kitsch, mas, quando do já comprovado se coloca tudo, tem-se uma arquitetura como a da igreja Sagrada Família, de Gaudí. Fica-se com vertigem, esbarra-se na genialidade”.
Depois de O Direito de Nascer, uma pá de cal despencou sobre os barões, filhos naturais, sinhazinhas, babás remanescentes da escravidão, coronéis furibundos. Essa pá de cal chamou-se Beto Rockfeller, de autoria de Bráulio Pedroso, na época editor do suplemento de O Estado de São Paulo, que desenvolveu a novela baseado numa idéia de Cassiano Gabus Mendes para a interpretação de Luiz Gustavo e direção de Lima Duarte. Assim, só me restava mesmo ir para a TV Globo, emissora em que estreara o segundo grande executivo de televisão: José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, que contratou a equipe de Beto Rockfeller para fazer na Globo uma revolução, O Bofe, a mais anárquica de todas as telenovelas, escrita pelo mesmo Bráulio Pedroso. Mas revolução não se encomenda, acontece, e a novela acabou não obtendo o sucesso esperado. Eu ainda tinha um mês de contrato a cumprir e fui obrigado a fazer um papel episódico na primeira novela em cores, O Bem-Amado. Iria participar de cinco capítulos apenas, mas o Zeca Diabo não pôde sair – o público obrigou-os a mantê-lo até o fim da trama e matar Odorico Paraguaçu, que inaugurou o cemitério de Scucupira.
Bem, esse foi o começo das telenovelas. Agora se diz que os reality shows ocuparão, na afetividade popular, o lugar das telenovelas. Eu gosto da idéia de que essa nova maneira de contar histórias venha a substituir a antiga. Se for verdade que cada movimento considerado artístico empurra o anterior para o território da arte absoluta, assim como a dança empurrou a música, o teatro empurrou a dança, o cinema empurrou o teatro e o teleteatro empurrou o cinema, que bom se os reality shows nos empurrarem mesmo para o recôndito universo das grandes histórias que contam com grandeza, sabedoria, ternura e beleza a história de um povo e seu destino.
Escrito por Lima Duarte – Prefácio do livro
“A Hollywood Brasileira – Panorama da Telenovela no Brasil”, de Mauro Alencar.
Nesta segunda, 29 de março de 2010, Lima Duarte completa 80 anos de idade. Nem todos sabem, mas aos 18 anos, Duarte já brivalha no mundo das comunicações. À época, era um grande sonoplasta da rádio Tupi de São Paulo (aquela da família Chateaubriand e não esta de hoje).
Ouça um trecho de entrevista à Jovem Pan em que Lima Duarte relembra uma divertida passagem dos seus tempos de mocidade, quando era o sonoplasta da rádio Tupi.
(se o player não estiver visível ou quiser baixar o áudio, clique aqui)
Com tanta experiência e tendo atingido um patamar imconparável na TV, o artista foi o responsável pelo prefácio do livro "A Hollywood Brasileira – Panorama da telenovela no Brasil", de Mauro Alencar. Acompanhe o delicioso texto que conta como nasceu a televisão no Brasil e quem foram seus pioneiros. Lembrando que a TV completa 60 anos agora em 2010, no dia 18 de setembro.
AMIGOS, TARDES E PETECAS
(Lima Duarte)
A gente chegou para jogar peteca – Hebe Camargo, Lolita Rodrigues, Walter Forster, Heitor Andrade, Dionísio Azevedo, Ribeiro Filho, Osni Silva e eu. Todos grandes amigos.
Era de tardezinha e isso aconteceu num tempo em que ainda existiam amigos, tardes e petecas... Um sujeito lá virou para nós e disse: “Não! Não podem mais jogar aqui!” O Osni Silva, que era o mais destemperado, perguntou: “Não pode por quê?” E o homem respondeu: “Porque nós vamos limpar este terreno e amanhã começamos a furar tudo para fazer a televisão.”
Era 1948 e eu trabalhava lá desde 1946. Tudo comprovado e atestado em minha carteira profissional. Eu tinha 16 anos e chegara de Minas Gerais, mais precisamente de Desemboque, em 1946, de maneira que a televisão veio estragar o nosso campo de peteca. Furaram, arrebentaram tudo e construíram a primeira emissora de televisão da América Latina, a TV Tupi Difusora de São Paulo. A segunda foi a TV Cubana, inaugurada no mesmo ano, mas no mês de novembro. A Tupi era de setembro, 18 de setembro mais precisamente. O Walter Forster morreu sustentando que a primeira fora a Cubana e que Havana naquela época era o bordel dos americanos; então, nada mais natural do que a existência de uma TV num bordel. Eu estive em Havana, não a do Fulgêncio (o bordel), mas a do Fidel, um povo íntegro, digno e corajoso, e comprovei que a televisão brasileira é dois meses mais velha.
Tudo isso porque eu considero importante que saibam do contexto em que tudo aconteceu. O contexto era este: amigos, tardes, petecas, e é bom que saibam que eu estive lá desde o começo, ou antes do começo.
Quando a televisão ficou pronta, instalou-se um problema: quem seria o primeiro diretor artístico da América Latina? Existiam três candidatos (eu gosto muito de pensar que televisão seria essa, se um dos outros dois tivesse sido o escolhido): Walter George Durst, Túlio de Lemos e Cassiano Gabus Mendes. Venceu o último, que, uma vez escolhido para ser o diretor, disse: “Eu exijo que o meu assistente seja o Lima Duarte.” Eu gritei: “Opa! Que é isso, está querendo me estrepar? Vou deixar de ser o melhor sonoplasta da Rádio Tupi Difusora para ser diretor de televisão? De jeito nenhum.” Foi então que ele escolheu o Luiz Gallon e, como assistente do Gallon, o Luiz Gustavo, seu cunhado.
É realmente verdadeira aquela história que contam até hoje de que no dia 18 de setembro, depois da inauguração, houve um jantar. Já na sobremesa e antes do cafezinho, o Cassiano perguntou: “Ih... e amanhã o que é que a gente põe no ar?!” Saímos correndo aos consulados para ver quem tinha algum filme para ser exibido na televisão e achamos uma porção: filmes sobre história natural, biologia, Cubismo, os perigos da doença venérea, os males que a sífilis traz e Marshall McLuhan; enfim, uma televisão muito louca.
Um ano depois desse happening, em 1951, o Cassiano teve a idéia de fazer uma telenovela, pois é bom que se diga que a televisão no Brasil foi implantada e sustentada por gente de rádio. Nem jornalistas, nem intelectuais, nem o pessoal do teatro, nem a comunidade universitária, ninguém tomou conhecimento e, nós, os do rádio-teatro, tocamos aquilo. Nada mais natural do que a adaptação de uma novela de rádio para a televisão. Foi quando aconteceu o tão falado fenômeno Sua Vida me Pertence, de Walter Forster, interpretada pelo Walter e pela Vida Alves.
Nessa telenovela apareceu não só o primeiro beijo, mas também o primeiro bandido, o primeiro delegado, o primeiro médico, o primeiro pai, a primeira mãe, o primeiro amor, o primeiro desengano, a primeira esperança, a primeira lágrima, a primeira insídia e o primeiro final feliz, com o tal beijo; enfim, tudo o que existe nas novelas até hoje. O engraçado nesse primeiro beijo é que a autoridade de plantão o proibiu, argumentando: “Não. As televisões entram nos lares e esses lábios unindo-se em lascívia, penetrando o recôndito do lar brasileiro, vão ofender a moral da família.” Bem, era um tempo em que ainda existiam famílias, lábios e lascívia. Os autores disseram: “Não. O beijo é necessário”, e os atores disseram que também queriam beijar. O general insistiu: “Não.” O juiz também disse: “Não.” O bispo fez eco: “Não, não e não. Ainda se fossem americanos, mas são brasileiros beijando-se com bocas brasileiras, isso nunca.” No dia do último capítulo que iria ao ar à oito horas da noite, houve uma reunião na sede da censura para a decisão do beija ou não beija. Só às seis horas saiu o veredicto. “Beija, mas de boca fechada.” Essa foi a melhor história da primeira telenovela ainda não diária. Eu estava lá e era o bandido.
O mais curioso, e que talvez mereça mesmo uma análise, foi a segunda telenovela. Um êxito enorme! Claro, só havia nós no ar e a novela era rural, já a segunda... Chamava-se Sangue na Terra, de Péricles Leal, ele também um intelectual, paraibano, filho de Simião Leal, jurista, ficcionista, um homem de letras. A novela passava-se na Serra de Borborema e contava a história de Antonio Silvino, o maior cabeça de jagunço que jamais houve, sob o comando de quem o iniciou no cangaço, Virgulino Ferreira, o Lampião.
Se for verdade que o Brasil passou da sociedade rural à sociedade urbana, ou se está passando em apenas cinqüenta anos, não menos verdade é que o brasileiro ficou com um pé na roça, e desse pé na roça surgiram novelas lindas! Entre as dez melhores eu destacaria umas sete de ambientação rural; a primeira em cores, O Bem Amado, na qual eu também estava, pois era o Zeca Diabo; a primeira da “nova República”, Roque Santeiro, em que eu estava também, fazendo Sinhozinho Malta.
Para concluir, a novela que marcou aquele período inicial foi mesmo O Direito de Nascer, também dirigida por mim. Uma novela rigorosamente genial. Como era novela de rádio cubana, transportada para televisão e para o Brasil, eram necessários muitos acontecimentos. Para falar dela, aproveito Umberto Eco em Viagem na Irrealidade Cotidiana:
“(...) é preciso colocar tudo e para colocar tudo é preciso escolher no repertório do já comprovado. Quando a seleção do já comprovado é limitada, tem-se a série maneirista, o seriadozinho e até mesmo o kitsch, mas, quando do já comprovado se coloca tudo, tem-se uma arquitetura como a da igreja Sagrada Família, de Gaudí. Fica-se com vertigem, esbarra-se na genialidade”.
Depois de O Direito de Nascer, uma pá de cal despencou sobre os barões, filhos naturais, sinhazinhas, babás remanescentes da escravidão, coronéis furibundos. Essa pá de cal chamou-se Beto Rockfeller, de autoria de Bráulio Pedroso, na época editor do suplemento de O Estado de São Paulo, que desenvolveu a novela baseado numa idéia de Cassiano Gabus Mendes para a interpretação de Luiz Gustavo e direção de Lima Duarte. Assim, só me restava mesmo ir para a TV Globo, emissora em que estreara o segundo grande executivo de televisão: José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, que contratou a equipe de Beto Rockfeller para fazer na Globo uma revolução, O Bofe, a mais anárquica de todas as telenovelas, escrita pelo mesmo Bráulio Pedroso. Mas revolução não se encomenda, acontece, e a novela acabou não obtendo o sucesso esperado. Eu ainda tinha um mês de contrato a cumprir e fui obrigado a fazer um papel episódico na primeira novela em cores, O Bem-Amado. Iria participar de cinco capítulos apenas, mas o Zeca Diabo não pôde sair – o público obrigou-os a mantê-lo até o fim da trama e matar Odorico Paraguaçu, que inaugurou o cemitério de Scucupira.
Bem, esse foi o começo das telenovelas. Agora se diz que os reality shows ocuparão, na afetividade popular, o lugar das telenovelas. Eu gosto da idéia de que essa nova maneira de contar histórias venha a substituir a antiga. Se for verdade que cada movimento considerado artístico empurra o anterior para o território da arte absoluta, assim como a dança empurrou a música, o teatro empurrou a dança, o cinema empurrou o teatro e o teleteatro empurrou o cinema, que bom se os reality shows nos empurrarem mesmo para o recôndito universo das grandes histórias que contam com grandeza, sabedoria, ternura e beleza a história de um povo e seu destino.
Escrito por Lima Duarte – Prefácio do livro
“A Hollywood Brasileira – Panorama da Telenovela no Brasil”, de Mauro Alencar.
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